Um mapeamento colaborativo está reunindo pontos em que há alimentos disponíveis nas cidades, não em mercados ou doações, mas no próprio ambiente natural.
Árvores frutíferas, plantas e outras, podem ser incluídas no mapeamento do projeto Cidades Comestíveis, idealizado pelo artista Piatan Lube, que é realizado com recursos do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), por meio de seleção no edital de Artes Visuais da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult), contando com apoio da Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura de Viana (Semect) e do Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Viana (Ifes Viana).
O município de Viana, onde Piatan reside, é o pontapé inicial desse mapeamento, que será contínuo e vai incluir a realização de cozinhas coletivas para preparar alimentos encontrados no mapeamento. Um mapa online que dá origem ao projeto está sendo feito utilizando uma plataforma já usada internacionalmente para esse tipo de registro, a Falling Fruit (https://fallingfruit.org ), que traz como slogan 'Map the urban harvest' (Mapear a colheita urbana).
A primeira experiência de cozinha coletiva será no próximo sábado, dia 5 de março, a partir das 10h na praça de Marcílio Noronha, bairro de Viana. Depois serão outros quatro bairros do município que receberão ações do tipo, na qual a proposta é compartilhar alimentos entre as pessoas que passam pelo local.
O projeto parte dos conceitos de arte social e práticas comunitárias, que vêm sendo trabalhados há anos por Piatan Lube em suas obras. "Esse projeto enriquece a maneira de perceber a cidade, alonga a área de atuação dos artistas, se propõe como construção de uma ação comunitária coletiva e colaborativa. Eu sozinho não consigo realizar, então a gente vai envolvendo, criando ferramentas para a colaboração", diz Piatan Lube. Para ele, além dos questionamentos, o projeto apresenta solução, uma linha de condução para uma cidade viva, que compartilhe farturas e felicidades.
"Eu me vi como um pássaro. Se eu sou um pássaro, como andaria na cidade? Eu andaria atrás das frutas. Assim, como artista, o que eu fiz foi mudar meu olhar para esse olhar de pássaro e comecei a mapear os locais onde estão as frutas", conta o idealizador do projeto.
No desafio de criar essa colaboratividade que faz parte de sua linha artística, ele aponta várias possibilidades de participação das pessoas diante do Cidades Comestíveis: acompanhando o projeto pelo site e redes sociais, se cadastrando na plataforma do Falling Fruits e ajudando no mapeamento e também participando das cozinhas coletivas, que são abertas e gratuitas nos bairros indicados.
"São pontos de multiplicação. Ali se pode tomar um suco, levar uma fruta, fazer um doce, colher de uma árvore, além de receber material informativo com instruções sobre como funciona toda a metodologia e funcionalidade do projeto e como se pode participar e colaborar. "Vamos envolvendo as pessoas e utilizando ferramentas para que o projeto seja autônomo, que possuem continuem plantando, colhendo e distribuindo alimentos como parte de uma sociabilidade e de uma forma de ver o lugar em que a gente mora, para torná-lo melhor, mais saudável e com alimentos gratuitos.
HISTÓRICO
O embrião do projeto está numa experiência realizada por Piatan Lube em 2013 chamada Tabebuias Cozinhas Experimentais, que resultou em uma instalação no Museu de Arte do Espírito Santo (MAES) no qual frutas colhidas eram levadas para o local, fazendo com que a exposição fosse uma cozinha experimental.
"A ideia inicial era realizar o plantio de árvores frutíferas na cidade, como uma intervenção urbana que a transformaria. Mas houve impedimentos por parte da prefeitura, alegando que plantar frutas poderia ocasionar alguns acidentes e a prefeitura ser responsabilizada", diz. Por isso, a solução foi mapear árvores já existentes, algo que ganhou novo impulso anos depois com o Cidades Comestíveis, que tem início em Viana mas com potencial de se expandir para outros municípios.
Piatan considera que o novo projeto permite aumentar o mapeamento, ampliar a pesquisa e também possibilitar que as cozinhas espontâneas se deem para além do espaço do museu para agora ganhar as ruas e praças.
COMO COLABORAR
Veja as dicas do Cidades Comestíveis para estimular a participação no projeto:
Primeiro: Passeie pelo seu bairro, de preferência a pé, e comece a observar as árvores que compõem sua cidade: banana, acerola, cacau, abacate, manga, jaca, seriguela, cajá, araçá, goiaba, entre tantas. Vá descobrindo as frutas de sua rua e do seu entorno. Você pode encontrar algumas dicas em https://www.frutiferas.com.br/nativas-brasileiras.
Segundo: Entre no website https://fallingfruit.org/ faça seu cadastro, é simples e fácil. O site https://piatanlube.wixsite.com/website tem em seu cabeçalho um item explicando passo a passo de como marcar as árvores que você achou.
Terceiro: Acompanhe a agenda das cozinhas espontâneas por mídias sociais como o @cidades.comestiveis e pelo website https://piatanlube.wixsite.com/website.
Quarto: Faça sua colheita e compartilhe.
Quinto: Guarde as sementes e replante na cidade, assim, semente por semente, plantinha por plantinha, deixaremos nossa cidade viva e repleta de alimentos para que possamos sempre colher e compartilhar.
CALENDÁRIO DE ATIVIDADES DO PROJETO CIDADES COMESTÍVEIS
Praça do Marcílio de Noronha - 05/03/2022 (sábado)
Rua da Escola do Bairro Primavera - 11/03/2022 (sexta-feira)
Rua da Escola Bairro universal - 18/03/2022 (sexta-feira)
Bairro Universal– 25/03/2022 - (sexta-feira)
Pracinha do posto de Saúde em Viana Sede - 02/04/2022 (sábado)
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Texto: Secult/ Tainá campos
Publicado em sexta-feira, 04 de março de 2022
Atualizado em domingo, 06 de março de 2022